UM POUCO DA HISTÓRIA DO PORTÃO VERDE FUTEBOL CLUBE
PORTÃO VERDE FUTEBOL CLUBE (1967-2012) 45 ANOS
Numa das minhas caminhadas algures pelo nosso concelho, neste caso na freguesia do Laranjeiro, deparei-me em frente à sede Social do Portão Verde Futebol Clube, sede essa que acompanhei de, o desenrolar dos trabalhos da sua construção, e que depois a 1 de Novembro de 1993,quando da sua inauguração realizei então uma reportagem para o Jornal de Almada. Ou seja dezanove anos depois, estou aqui
Entrei nas instalações da coletividade e revivi então o momento aquando da sua inauguração e questionei por que não falar da vida desta popular coletividade do Laranjeiro, no meu blog desportoalmada, assim pensei e assim o fiz, depois de tirar algumas fotos, falei com o dedicado dirigente e atual tesoureiro do clube, o senhor Rogério Pereira, para que ele nos falasse da história desta coletividade que no dia 15 de Agosto, último comemorou a passagem do 45º Aniversário.
COMO NASCEU O PORTÃO VERDE? VOU CONTAR RESUMIDAMENTE COMO ACONTECEU
O dirigente, Rogério Pereira começou-nos por falar dos primeiros passos para a formação do clube. –“ Eram 16 jovens que tinham em comum o gosto pelo futebol, na área onde viviam não havia muitos clubes que se dedicassem á prática dessa modalidade e então resolveram criar um clube e assim a 15 de Agosto de 1967, decidiram fundar um clube a que deram o nome de Portão Verde, por existir no local um portão verde, de entrada para a base da Marinha”. O passe seguinte foi a compra de equipamentos e falar com o dono do café “A Barca” para autorizar provisoriamente a guarda dos equipamentos e se possível deixar fazer as reuniões no referido café, ao qual o dono do estabelecimento concordou.
Rogério Pereira, salientou que a permanência no referido café a “Barca” terminou em 1971, com o clube já com cerca de 100 associados, a alternativa foi alugar uma casa para a instalação da sede social, o que até foi fácil, pois ao lado do referido café havia uma loja vaga. O passo seguinte foi falar com o respetivo dono e ele aceitou. “ Na altura o clube ficou a pagar uma renda mensal de 1.600$00 escudos. A sede não era muito grande, mas deu para montar um pequeno Bar, algumas mesas para jogar às cartas e tinha uma pequena sala para reuniões da direção e uma arrecadação onde se guardavam os equipamentos”.
A partir dessa situação, normal que o clube tivesse dado um salto, tanto a nível de associados como de modalidades?
-“Sim de fato aconteceu, pois para além do futebol a nível de seniores criámos também uma seção de futebol juvenil e de xadrez, isso contribuiu para que mais pessoas começassem a aparecer para se inscreverem como associados para que os seus filhos pudessem praticar desporto e assim começámos a ficar limitados no espaço”.
Mas a sede nesse novo espaço só durou meia dúzia de anos, não foi?
-“Realmente, assim aconteceu, em 1976 o prédio foi vendido e o novo proprietário, tinha outros fins a dar ao edifício e propôs-nos a nossa saída, que nos daria uma indeminização. Para nós foi ouro sobre azul, já que tínhamos pensado em sair daquele espaço e assim negociámos e chegamos a acordo e em Agosto de 1977 recebemos a indeminização e mudámos para um espaço maior com cave e tudo, o que nos deu para montar um bar maior, Adquirimos um jogo de snooker e montámos uma biblioteca, arranjámos uma vitrina para expor os nossos troféus e na cave deu para montar uma mesa de Pingue-Pongue e algumas mesas, fizemos obras, uma arrecadação para os equipamentos, enfim ficámos com um espaço maior e com outra comodidade. Mas para isso fosse possível, tivemos que legalizar em cartório notarial e ver o mesmo publicado em Diário do Governo, ou seja passamos a existir oficialmente a partir dessa data. Tivemos um maior incremento de modalidades, como o tiro ao Alvo com setas, ténis de mesa, cicloturismo e com tínhamos espaço, começamos a realizar bailes e outros eventos”
Enquanto nos narrava a história da coletividade Rogério Pereira ia-nos exibindo, com algum orgulho, alguns troféus e diplomas ganho por atletas do clube nas mais diversas modalidades, bem como nos ia guiando no interior da excelente sede social, os seus olhos brilhavam, a emoção por vezes se apoderava deste dedicado dirigente, ao confrontar o passado com o presente.
A pergunta inevitável, o Portão Verde Futebol Clube, para chegar aqui, ou seja a estas excelentes instalações sociais que decerto vieram dar outra dinâmica ao Clube, não foi fácil?
- “ Meu amigo, todos tem sonhos e todos os dirigentes e associados do Portão Verde, também os tiveram e continuam a terem, esse sonho era poder construir uma sede própria, o caminho não foi fácil, em 1980 contatámos a Câmara Municipal de Almada, no intuito de saber se existiria algum terreno para nos ceder, de facto talvez houvesse hipóteses, mas a falta de verbas e a opção por parte da autarquia de outras prioridades, não o permitiu e assim permanecemos mais uns anos no mesmo local. Mas o sonho não tinha acabado e na altura com a entrada de uma outra direção para o nosso clube, ocorrida em 1990, reatou-se o contacto com a autarquia e face á persistência da direção e a boa vontade da edilidade, no dia 9 de Outubro de 1991, foi-nos cedido em direito de superfície um terreno com 1.700 m2”.
Depois de uma pequena pausa o nosso interlocutor continuou- “ A partir daí avançou-se com a elaboração de um projeto para a sede o qual foi deferido em junho de 1992, iniciámos então a obra em Janeiro de 1993.A obra orçada em 30 mil contos, só foi possível graças á ajuda da Câmara Municipal de Almada que além do terreno contribuiu ainda com uma verba em dinheiro, a Junta de Freguesia do Laranjeiro também comparticipou e nós tinha-mos 6 mil contos, tudo junto não chegava, tiveram alguns diretores de recorrer á banca em seu nome pessoal e muitos sócios do clube que trabalharam na construção gratuitamente. E em 1 de Novembro de 1993, o sonho estava concretizado, com a inauguração desta magnifica infraestrutura, em que esteve presente a senhora Maria Emília Neto de Sousa, Presidente da Câmara Municipal de Almada, vereadores e outros dirigentes autarcas do nosso concelho, bem como algumas coletividades”.
Com uma nova sede social, um mini ginásio e outras condições, um novo dinamismo foi dado á coletividade, pode-nos dizer quais?
-“ Sim, sem dúvidas, uma das opções tomadas na altura pela direção foi a cedência do bar, por concurso, para assim libertar os dirigentes, já que até aí, desde a fundação até 1993 os serviços do bar eram assegurados gratuitamente pelos diretores, com essa medida libertava-se assim os dirigentes do clube para manter as atividades existentes e implantar outras secções desportivas, como artes marciais, escolas de mini-voleibol, ginástica, tiros de carabina de ar comprimido, escolas de música, etc. Os dirigentes estavam assim ocupados em dirigir outras atividades”
O dirigente salientou que dois anos depois a questão do bar foi revista e passou a ser a direção a explorar o bar, mediante o pagamento a um funcionário, protocolo que se manteve até 2007, altura que a direção do clube voltou a ceder a exploração do bar bem como salas de jogos, ficando a direção com a gestão do Salão para a prática de desporto, atividades recreativas e culturais.
A nível desportivo, como tem decorrido a atividade desportiva do clube?
“Resumindo um pouco a história do clube a nível desportivo após a inauguração da sede social, entre 1994 e 1997 disputámos dois campeonatos da Inatel e dois da Associação de Futebol de Setúbal, a nível da 2ª divisão distrital, foi um projeto que falhou, pois as despesas eram enormes, desde seguro dos jogadores, alugueres de campos, direi que o clube ficou monetariamente falido, daí termos abandonado a participação nesses campeonatos e passar para efetuar apenas alguns jogos particulares. O Cicloturismo teve uma atividade que foi de 1990 a 1997; a Ginástica por falta de praticantes acabou em 1999; o jogo das Setas começou em 1997 e prolongou-se até 2007, o Tiro com Carabina de Ar Comprimido iniciou-se em 1993 e terminou em 2003, foi uma modalidade disputada a alto nível nos Campeonatos Regionais e Nacionais e que deu muitas vitórias ao clube; em 2011 tínhamos só artes Marciais e Capoeira que nada tinham a ver com as nossas anteriores modalidades que levavam o nome do Portão Verde Futebol Clube a ser conhecido por uma grande parte do País. Agora novas atividades para além destas duas últimas têm também a ginástica de manutenção e aulas de Dança Hip-Hop e aulas de Dança Hip-Hop Kids, esta última com muito sucesso”.
Presentemente como está a coletividade?
-“ Depois de termos ultrapassado uma crise diretiva, nos últimos quatro anos em que apenas três ou quatro dirigentes, mantinham uma atividade permanente na condução dos destinos da coletividade, encetámos um processo eleitoral, não foi fácil arranjar dirigentes, mas lá se conseguiu formar uma direção que tomou posse em Abril e que está a trabalhar para que a coletividade continue a desenvolver o seu trabalho em prol do desporto e da juventude, pois o nosso clube está inserido numa zona pobre da freguesia. No entanto gostaria de acrescentar que o Portão Verde Futebol Clube chegou a ter 600 associados e agora cerca de 250 e nem todos pagam a sus quota, alguns afastaram-se das coletividades e associações para não contribuírem com uma quota mensal de 50 cêntimos, depois com tudo isto temos dificuldades em arranjar alguém para assumir cargos de gestão no clube e assim serem sempre as mesmas a trabalhar nas coletividades e isso resulta na sua saturação, ficam mais idosos e com menos energia, pois a idade não perdoa”.
Esta a história de um clube que começou por uma brincadeira, com sede num café que foi crescendo ao longo dos anos, acabando por alcançar a felicidade de ter uma sede própria e sem dúvidas, para o conseguir houve muita gente, jovens, homens, mulheres que sacrificaram a vida familiar deles, em prol do associativismo, faziam da sede o seu lar, sem lucrar o que seja, deram parte da sua vida, muitos deles já não estão entre nós, mas serão sempre lembrados com eterna saudade.
A placa alusiva á inauguração da sede socials do Portão Verde Futebol clube
A placa alusiva que assinala a homenagem merecida aos sócios fundadores do Portão Verde futebol Clube e que abriram caminho para que a coletividade fosse o que é hoje. Na ocasião e vendo os nomes dos dirigentes, na respetiva placa, Rogério Pereira, não esqueceu um dos últimos dirigentes a desaparecer do nosso convivo que foi o dedicado e amigo Florindo Rendeiro, que faleceu no inicio do ano, ao ser atropelado numa das passadeiras junto ao Portão Verde da Minha.