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DESPORTO ALMADA BLOG

INFORMAÇÃO DESPORTIVA - CRÓNICAS - REPORTAGENS - ENTREVISTAS E RESULTADOS . PARA O - EMAIL JOAQUIM.REPORTER@GMAIL.COM

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Recordar o Livro - Ginásio Clube do Sul-75 Anos de Glória - de Fernando Barão e Henrique Mota

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O Ginásio Clube do Sul,assinala hoje dia 17 de maio de 2022, a bonita idade de 102 anos de existência, uma longa vida dedicada ao desporto, cultura e lazer, dando passos firmes em relação ao futuro,e no qual o seu ecletismo é por demais evidente e onde sobressairam dois ginasistas, Francisco Barão e Henrique Mota que aquando da celebração do jubileu dos 75 anos de vida da coletividade e a convite da então direção, editaram o livro - GINÁSIO CLUBE DO SUL  - 75 ANOS DE GLÓRIA.

 

E hoje aqui aproveitanto os 102 anos da Coletividade de Cacilhas e numa homenagem postuma dedicada a estes dois ilustres ginasistas, os quais já não se encontram entre nós fisicamente, mas deixaram o seu legado para  gerações vindouras, que aqui partilho, como nasceu o Ginásio Clube do Sul.               

2020-05-17_164205.jpg Fernando Barão.jpg

  FUNDAÇÃO

Aqueles homens que pela tardinha se juntavam no cais de cacilhas ou à porta da Cabrinha com o sonho de fundarem um clube desportivo eram, na sua maioria, cacilhenses.

Havia neles um misto de simbiose de idealcoletivo e, ao mesmo tempo, uma diversidade de projectos que só com boa vontade resultaria em entendimento. Porque se respeitavam, porque sabiam que a prática e a teoria se completam, porque entre os homens ligados ao grande rio, ao granse estuário, havia uma forte determinação do advento das modalidades náuticas, mas apesar disso, havia a compreensão de que os mais intelectualizados tinham o direito de advogarem o aparecimento das disciplinas gímnicas.

Se aquela massa líquida tinha uma mística que convencia, que submetia forças e prazeres, que tisnava os rostos e desenvolvia os músculos, em espaços temporais que faziam olvidar as agruras da vida; havia tambén outros, que tinham num horizonte citadino um alvo que, já então, era vitral reflector de um corpo são numa mente sã. Aquele Ginásio Clube Portugues era uma instituição virada para os novos tempos em que todos  os seus aspectos eram fulgurantes e encantadores, Portanto, os de camisa e gravata, de sapatos reluzentos - alguns ligados à  Casa Serra - tinham os olhos postos no grande clube da bandeira azul e branca bem estrelada, situado na baixa lisboeta.

Eles lá continuavam a juntar-se, a conversar e a fazer propostas idealistas, reconhecendo que a coletividade já existente na localidade - Clube Recreativo José Avelino - nada tinha a ver com aquilo que profetizavam para o desenvolvimento de uma juventude ainda atemorizada por uma guerra mundial que terminara ainda há bem pouco tempo.

É evidente que os pensamentos, as aspirações, as fantasias eram o prelúdio de uma incerteza ou de uma certeza consoante as benenses dos deuses...

2020-05-18_144340.jpg Henrique Mota.jpg

Entre eles, havia um homem espanhol - ramon Bayó - fotógrafo, que possuia largas instalações ocupadas pelo Retiro Universo e pelo teatro do mesmo nome, mesmo alí à entrada da rua Carvalho Freirinha e com acesso também pelo Ginjal.

Talvez porque a um fotografo não lhe sobra muito tempo no quotidiano profissional, porque as instalações estavam - se deteriorando e, porque não, estaria embalado pela mesma aragem sonhadora, resolveu, o nosso homem, ceder parte dessas instalações pela agradável quantia de 25$00 mensais.

Estava portanto dado o grande passo, aquele passo que, na maior parte das instituições colectivas, nunca chega a ser dado. Um sonho é um sonho.Um sonho com um local para sonhar é uma questão completamente diferente...

Então as ideias começaram a pormenorizar razões futuras, o fictício deu lugar ao realismo, e houve que arregaçar as mangas para que o novo clube fosse novo em tudo...

 

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A NOMENCLATURA E A FLÂMULA

Qual o nome de baptismo a aplicar na nóvel colectividade cacilhense?

Ora, logo alí, poderia ter surgido o primeiro escolho entre aquela boa gente de convicções tão diferenciadas. Mas não. O respeito mútuo mais uma vez vingou e o bom senso foi apanágio de quem queria trabalhar a sério e levar os seus planos para a frente. Uma  frente progressiva, com um horizonte longínquo, que só se esbatia no infinito.

Os da educação física logo apostaram, em paradigmática com as suas admirações pela associação da Rua Serpa Pinto, em Lisboa e afirmaram convictos das suas razões mais que fundamentais:

- Terá de ter o nome de GINÁSIO! e por acrescentamento: Já que não pode ser português será do SUL!, pois que nos situamos na margem sul! e a palavra clube era completamente inerente ao conjunto que se pretendia literalmente estético. Será portanto GINÁSIO CLUBE DO SUL.

Os que estariam mais ligados aos assuntos náuticos, para que as suas personalidades não ficassem no mínimo beliscadas, embora reconhecessem a supremacia estudiosa dos outros, não ficaram no obscurantismo e logo garantiram que a bandeira teria de ser de formato triangular a exemplo do que sempre acontecera em casos similares. E a questão foi ao rubro quando alguém afirmou: Já que não podemos ter o nome de portuguẽs, no centro da nossa bandeira vamos colocar o escudo da nossa Pátria! O entusiasmo aqueceu de vez apesar de um deles ter afirmado que isso poderia trazer algumas complicações de ordem governativa. Mas todos lhe lembraram que se estava em plena República e que os tempos dos medrosos estabelecera fronteira no dia 5 de Outubro de há 10 anos.

Sobre as cores não havia dúvidas seria verde, a cor da esperança e branco a cor da honestidade, da honradez...

 Foi portanto a 17 de Maio de 1920 que ficou estabelecida a criação de novo clube. Apesar de haver muitos aderentes reconheceu-se que" panela mexida por muitos"... e assim resolveu-se que os mais entusiastas do movimento é que formariam a Comissão Organizadora que acabou por ser formada por meia dúzia de ginasistas. Terá sido esse o termo e a sorte em consenso de votos, acabou por recair em Vital Garrido,José de Oliveira Gendre, Joaquim Cardoso Miranda,Wenceslau Silva, Hernâni Jorge Silva e Carlos Durão.

                          DEDICATÓRIA

"Dedicamos este livro a todos aqueles que fundaram, sonharam e têm sabido continuar esta grandiosa coletividade.

É evidente que teremos de colocar na dianteira(e tantos foram...) os que conseguiram dissipar o esforço pessoal, as frustações sociais e até familiares, por um horizonte de abnegação, de luta pelo idealismo, numa dinâmica diletante que tem muito a ver com o progresso infindável do Ginásio Clube do Sul."

 Os autores: Fernando Barão e Henrique Mota.